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Projeto Classificação de Software Livre Educativo

Este projeto iniciará em julho de 2005, sob a responsabilidade do centro GeNESS e colaboração da comunidade, obtendo financiamento por parte do Fundo Regional para a Inovação Digital nas Américas E Caribe (FRIDA).

Identificação do Problema e Justificativa

A sociedade encontra-se num período de fortalecimento de uma nova economia onde o principal recurso para a geração de riquezas é o conhecimento. A maior parte do valor agregado na produção moderna não está no valor do material usado ou na inserção de trabalho e capital, mas sim no conhecimento embutido no produto final.

A economia do conhecimento tem uma forte ligação com as tecnologias da informação. É sobre uma notável estrutura de TI que esta nova economia acontece e vem se desenvolvendo. Assim, para o indivíduo desempenhar papel ativo nesta sociedade do conhecimento ele precisa ser capaz de interagir com computadores e demais dispositivos eletrônicos que fazem parte da infra-estrutura tecnológica desta nova era. Por isso, é importante que um país estabeleça programas para aumentar o acesso à informação e ao conhecimento entre seus cidadãos.

Entretanto, “não basta dispor de uma infra-estrutura moderna de tecnologia e comunicação na nova economia; é preciso competência para transformar informação em conhecimento. É a educação o elemento-chave para a construção de uma sociedade da informação e condição essencial para que pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, a garantir seu espaço de liberdade e autonomia” (Livro Verde, 2000).

É sabido que a educação no Brasil, de um modo geral, tem obtido poucos incentivos financeiros para o devido uso de computadores nas escolas, seja na administração interna ou nas salas de aula. A formação dos profissionais envolvidos, por exemplo, encontra-se bastante aquém do desejado. A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394, sancionada e promulgada em 20 de dezembro de 1996, reforça o sentimento já bastante evidente de melhoria das condições de trabalho, ressaltando um dos mais nítidos entraves para o avanço tecnológico nas escolas: a deficitária capacitação dos recursos humanos. E várias causas são apontadas: falta de recursos financeiros para atualização dos profissionais das tecnologias computacionais vigentes e que se destacam como vanguarda na tecnologia educacional; resistência por parte dos docentes em se adequar a um ambiente multimídia.

Outro importante aspecto é a subutilização do parque tecnológico já instalado, decorrente da formação deficitária, da falta de informações acerca de programas de computador que servem, de fato, como instrumentos auxiliares no processo de ensino-aprendizagem, além da rápida obsolescência comum dos computadores pessoais (PCs).

Não é apenas o hardware que é importante, o software é fundamental. De nada adianta equipar uma escola com computadores se para terem utilidade é necessário programas que interajam com o usuário. E como disponibilizar programas de computador em escolas, instituições sem fins lucrativos se esses softwares têm custos altos?

A informática na educação não pode restringir-se apenas ao ensino de como operar o computador. Comumente têm-se utilizado programas convencionais, como editores de texto e de planilhas gráficas, para introduzir os alunos de ensino fundamental e médio ao mundo da informática. O computador, como uma ferramenta lúdica e dinâmica, tem potencial para estimular o aprendizado. O uso de softwares educacionais, que se valem dessa máquina não como um objeto de estudo, mas como uma ferramenta de ensino para a criança e o adolescente aprenderem as disciplinas curriculares, é um exemplo de como o computador pode ser utilizado de maneira mais abrangente. Mas equipar um laboratório escolar com software educacional, considerando a necessidade de licenciar seu uso para cada máquina, pode envolver um alto custo. Assim, a dificuldade na educação aumenta ainda mais para a população de baixa renda e escolas públicas. Se a viabilidade desses laboratórios já é analisada minuciosamente em escolas privadas, o que se pode dizer das escolas públicas, que lidam com um escasso orçamento?

Uma alternativa para a diminuição dos custos com esses laboratórios seria a utilização de software educacional livre. Seguindo a política do Governo Federal de incentivo ao uso de software livre, várias escolas já implantaram programas em seus laboratórios, porém não são programas considerados educacionais e sim sistemas operacionais, como por exemplo, o GNU/Linux, editores de texto, planilhas eletrônicas e navegadores de Internet. A implantação de softwares educacionais livres é dificultada por:

  • Não há um processo definido de produção e disponibilização dos programas. Cada autor cria as suas próprias regras.
  • A maioria é de difícil instalação e configuração, não possuindo programas instaladores que facilitem a tarefa – requerendo conhecimentos avançados do usuário acerca do sistema.

A interface é considerada pouco amigável por não obedecer aos padrões ditos “de mercado”, como por exemplo Microsoft Windows®.

Enquanto que o último item é uma questão de costume do usuário, os dois primeiros podem ser abordados para criar condições favoráveis ao uso dos softwares educacionais nas escolas. Além do software em si, é igualmente interessante uma documentação clara e objetiva que o acompanhe, bem como possibilidades de uso: exemplos, demonstrações, etc.

Embora as condições de trabalho do profissional de educação não estejam ainda em um grau satisfatório, como vem destacando a mídia nacional nesses últimos anos (desde 19981 até os dias atuais2), essa e outras políticas federais têm procurado mudar esse panorama, pelo menos no aparelhamento básico: computadores. O governo federal criou, nesse ano de 2004, um programa de doação de computadores usados, denominado Computadores para Inclusão, cujo valor pode chegar a 120.000 computadores destinados às instituições públicas, entre elas escolas e centros comunitários. Como se pode notar, o parque tecnológico das instituições públicas de ensino tem apresentado uma melhora sensível, porém significativa, fazendo com que hoje em dia se possa pensar em aulas e laboratórios de informática nas escolas públicas.

A inserção da informática não se resume simplesmente à instalação de computadores nas escolas, contudo essa é necessariamente uma de uma série de etapas para se atingir o objetivo final. Concomitantemente, deve haver uma clara política de capacitação profissional e formação de agentes multiplicadores, os quais serão os responsáveis por introduzir - de fato - a Informática na educação como um facilitador na construção do conhecimento. Essa etapa, sabidamente mais complexa que a anterior, requer uma maior atenção e tempo para a sua execução, e casos como a Escola Simão José Hess têm servido de exemplo para os órgãos competentes (re)avaliarem suas metas e formas de abordagem sobre o problema. A Secretaria Estadual de Educação e Inovação do Estado de Santa Catarina e a Secretaria Municipal da Educação de Florianópolis, completando as três esferas de poder, já demonstraram o mesmo interesse em incluir software livre nas escolas para criar um ambiente mais propício e diversificado nas suas respectivas instituições de ensino. Ambas as Secretarias já entraram em contato com o nosso grupo de pesquisa para difundir, seja em caráter de projeto piloto ou cursos de formação de multiplicadores, o conhecimento necessário para viabilizar tal feito.

Pensando na atual situação de professores e infra-estrutura existente nos centros de ensino fundamental e, principalmente, nas ferramentas computacionais oferecidas pelo mercado e centros de pesquisa, é que se tem percebido uma alternativa viável que poderia minimizar os dois pontos críticos já mencionados – e vistos na prática na cidade de Florianópolis e no Estado de Santa Catarina:

  • Software que aproveite o atual parque tecnológico instalado, onde os computadores são considerados obsoletos e de baixo poder de processamento.
  • Professores que dominem o computador e seus recursos, a fim de utilizá-lo como ferramenta auxiliar de ensino.

O software educacional de fácil assimilação e disseminação de uso, preferencialmente sem custo de aquisição e/ou manutenção, bem como documentação acessível para a sua compreensão é, portanto, uma alternativa possível e válida para diminuir a distância entre o ensino e a Informática. Muitas têm sido as propostas de software educacional, e entre elas algumas têm se destacado por sua liberdade de uso e reprodução: o software educacional livre. Esse tipo de programa, em especial, pode servir como ponte de ligação entre o universo de possibilidades da Informática, seu dinamismo e formas de comunicar as pessoas, e as salas de aula. Nesse momento cabe, portanto, um levantamento dos programas de computador livres oferecidos para a educação, sua avaliação e enquadramento no currículo escolar segundo os moldes brasileiros, a fim de catalogar e definir os programas mais adequados por matéria, grau de escolaridade e outras variáveis de interesse – iniciativa inovadora em termos de Brasil. Dessa forma, os professores terão não somente uma lista de prováveis programas para serem usados no processo, mas também indicadores que beneficiarão a sua prática em termos de qualidade, assuntos abordados e impacto pedagógico a nível global.

Objetivo

Seu principal objetivo será a classificação de software educacional livre segundo os parâmetros curriculares nacionais. Embora haja pequenas variações, de escola em escola, no processo e tópicos ensinados em cada disciplina e grau de escolaridade, algumas diretrizes em escala nacional norteiam o planejamento escolar de cada instituição. Baseado nessas diretrizes, as quais estabelecem os assuntos prioritários a serem abordados, será feita uma relação entre tais tópicos e possíveis programas de computadores - educacionais livres – que podem servir como instrumento auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.

Objetivos Específicos

#Pesquisar e catalogar software educacional livre. # Montar material explicativo sobre cada software catalogado # Montar coletânea de software e material de apoio para curso de capacitação de professores de ensino fundamental e médio # Montar CD-ROMs com as coletâneas de softwares com respectiva documentação

Beneficiários

As oportunidades de aplicação e retorno à sociedade são bastante otimistas, considerando o interesse demonstrado pelas Secretarias de Educação e pela escola parceira, EEB José Simão Hess, para os anos curriculares de 2005 e 2006. Os resultados, além de ficarem à disposição dos interessados através do sítio eletrônico, serão aplicados pelo grupo junto aos parceiros da área da Educação. Os impactos, pela própria natureza do software livre, vão além dos resultados obtidos apenas dentro das escolas: toda a comunidade periférica, incluindo prestadores de serviços de Informática, serão beneficiados com o modelo de distribuição e negócios desse tipo de software.

Casos de sucesso de implantação de software livre em pontos estratégicos da cidade, como por exemplos os Telecentros de São Paulo (http://www.telecentros.sp.gov.br), são soluções que devem ser seguidas. O bairro da Trindade, onde está localizada a EEB José Simão Hess, por sua proximidade com a Universidade, comércio local e rápido acesso ao centro da cidade são um desses pontos estratégicos para implementar um projeto com tais características.

Estratégia e Metodologia

A metodologia a ser adotada para a execução das atividades está calcada em quatro pontos fundamentais:

  • Pesquisa: nessa fase inicial, será feita uma extensa pesquisa de programas ditos livres e de propósitos educacionais. A expressão livre, quando aplicada ao contexto do programa de computador, refere à obediência a quatro regras de uso e distribuição, conforme (GNU, 2004). Uma vez concluída essa primeira etapa, cada software será avaliado sob os aspectos tecnológicos (portabilidade, bibliotecas utilizadas, usabilidade, acessibilidade, etc.) e pedagógicos (carga cognitiva, inter-relacionamento de assuntos, facilitação no aprendizado, propósito educacional, etc.). Essa avaliação e respectiva documentação com exemplos de uso do programa - será um estágio preliminar para a classificação, de acordo com as propostas curriculares nacionais, de cada programa de computador em disciplina e grau de escolaridade. Além das propostas curriculares nacionais, poderão ser utilizadas também as propostas curriculares do Estado de Santa Catarina, uma vez que o estudo de caso será aplicado na escola parceira, sendo essa uma das formas de avaliação (na prática) dos resultados.
  • Disseminação: uma vez configurado o conjunto de programas de computador já avaliados e classificados, parte-se para a organização da documentação e coletânea de programas em CD-ROM(s) e material anexo para, em momento oportuno na escola parceira, realizar um curso de formação de multiplicadores. Neste curso serão apresentados os softwares e suas possibilidades de uso, onde a idéia central é permitir que os próprios docentes decidam que prática pedagógica aplicar ao longo do ano letivo.
  • Apresentação dos resultados e expansão da rede de relacionamentos: os resultados da pesquisa, bem como a experiência de implantação de software educacional livre será divulgada através de palestras realizadas pelos participantes deste projeto. Cabe aqui destacar que todo documento gerado pelo grupo será disponibilizado no sítio eletrônico referente ao projeto – legalmente protegido por uma licença para documentos livres.

Resultados Esperados

Espera-se que os seguintes resultados tenham sido alcançados até junho de 2006:

  • Conjunto de software educacional livre catalogado com respectivos materiais explicativos – complementado com um guia que oriente quais softwares podem ser usados com determinados tópicos de disciplinas e graus do currículo do ensino fundamental.
  • Distribuição de pelo menos 50 CD-ROMs com uma coletânea de software educacional livre. Os arquivos destes CD-ROMs também estarão disponíveis para download no sítio eletrônico do projeto.
  • Sítio eletrônico com os resultados do projeto e livre disponibilização de todas as informações para sua disseminação e replicação em outras instituições.
  • Ao menos duas palestras organizadas sobre o uso do software educacional livre.

Contato

Este projeto é aberto a participação da comunidade, caso se interesse em ajudar, entre em contato com kimie em geness.ufsc.br.

projetoclasse.txt · Última modificação: 2015/01/19 21:29 por mafra